Quando o pai não é pai

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Domingo foi dia dos pais. 
Mas não quero sobre a relação pais/filhos, quero falar da ausência dela.
Vez por outra se houve falar de um mutirão para promover o reconhecimento da paternidade. Para mim isso nunca fez sentido. Se o cara não quis reconhecer o filho/a, você vai querer obrigá-lo? Que tipo de relação vai ser essa? Não estou aqui falando que é errado ir buscar seus direitos, pensão alimentícia, etc. Não é isso!

Falo de se querer forçar um amor, afeto que não existe, porque se existisse não se precisaria estar “forçando” um reconhecimento de paternidade né? Porque muitas e muitas vezes ouvi pessoas falando que não se sentem completas, que sentem vergonha porque não tem o nome do pai na certidão.

Eu me incluo no grupo de pessoas que não tem o nome do pai na certidão de nascimento, mas sério, eu não entendo esse “vazio” que tanto falam. Para mim, é como um irmão que nunca tive. Como eu poderia sentir falta de algo que nunca tive? Às vezes acho que a sociedade faz uma pressão muito grande sobre isso; acho até que existe um certo machismo embutido aí. Porque eu nunca ouvi uma alma sequer dizer: “coitada daquela criança, não tem mãe!”

Mas se não tem pai, vixe! É um rótulo que colocam na criança, um estigma. Um olhar de piedade, sei lá. Só faltam dizer que é para a mãe pegar o primeiro homem que ela ver passando na rua e colocar dentro de casa, que é para a criança ter a chamada “presença masculina”. Aí isso acaba criando uma cultura superestimada da presença/ausência de um pai.

Pensa comigo! Se uma mulher é mãe solteira, logo começam as fofocas:

  • Sabe fulana? Tá grávida!
  • Sério? Tem que casar logo antes que a barriga apareça!
  • Não, menina. Ela não vai casar não!
  • Quê? Vai ser mãe solteira? Coitada dessa criança!
  • Num é! Como uma criança pode crescer sem uma referência masculina?

Isso em pleno 2017 ainda é muito comum de se ouvir. Mas se é um pai solteiro...

  • Você já conheceu o novo vizinho?
  • Não, como ele é?
  • É pai solteiro, acredita?
  • Coitado! Como ele pode criar uma criança sozinha?
  • Acho que a gente deveria ir lá oferecer ajuda.
  • Também acho! Vamos lá! Que mulher desnaturada é essa que abandona uma criança?


Aí repara: se a mulher é mãe solteira, a culpa é dela, que foi arranjar barriga sem uma aliança no dedo. E se o homem é pai solteiro, a culpa é da mulher que abandonou a criança. E coitado da história é o homem, que acabou sozinho com uma criança. Deu para entender? A culpa é sempre nossa! Isso precisa mudar, gente. Precisamos evoluir! Estamos no século 21 e não na Idade Média.

Não estou defendendo que mães ou pais abandonem seus filhos, mas apenas peço que não façam tanto auê por causa disso. Amor só vale a pena se for de coração, se for voluntário. Não dá para forçar.

E convenhamos que existem pais e “pais” né! Se for para viver bêbado, batendo na esposa e nos filhos, é melhor que fique bem longe, concordam? E mesmo aqueles que são presentes mas são ausentes...estão presentes fisicamente, mas não interagem, não participam da vida dos filhos, não se importam. Pessoas assim abrem feridas emocionais que doem mais que feridas físicas.

Então sociedade, pare de exigir uma família de comercial de margarina. A gente só é feliz ao lado de pessoas que nos amam e nos querem bem. Pode ser mãe e pai, pode ser 2 mães, pode ser 2 pais pode ser pãe, pode ser vó, pode ser vô...Família é quem a gente ama e quem ama a gente de volta!

E se pai/mãe não te quis, não sofra por isso não. Vai ficar sofrendo por quem não está nem aí para você? Nãooo! Siga com sua vida, seja feliz, porque quem nada soma não te faz falta!

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